domingo, dezembro 31, 2006

resolucoes


Neste ano novo eu quero: encher a cara num dia de semana, a tarde, e chegar para uma aula ou prova sem graca; comprar tres caixas de cerveja para um churrasco decidido em cima da hora com muitos amigos; ficar umas tres horas jogando conversa fora no bar do portuga na 24 horas; assistir o colorado ser campeao, ou nao, porque o que importa e estar no clima de 50 mil pessoas que so pensam na mesma coisa; me irritar lendo blogs de jornalistas inuteis, de jornalistas de extrema-direita, de jornalistas anti-pt, de jornalistas muito pt e assistir aos comentarios do lazier martins; matar quase todas as aulas de quinta e quarta-feira para assistir aos jogos da libertadores no bar do edson; fazer apostas, perder, ganhar, cumprir e nao cumprir; reavivar uma amizade que parecia meio perdida mas que sera de novo em 2007 o que foi em outros tempos; tomar porres espetaculares e me esquecer da metade das coisas que aconteceram; discutir com meus pais sobre politica e ver que todo mundo tem um pouco de razao, sempre, e todo mundo fica meio louco defendendo suas ideias, sempre; defender o abel, dessa vez com o apoio de determinados oportunistas de plantao, que engoliram muita coisa em seco nesse ano que passou; tirar muito sarro de uns gremistas que me encheram o saco nesses ultimos anos; reclamar de muitas coisas e manter esse meu aspecto de reclamao; dar muitos beijos na minha mulher e esperar que esse ano seja ainda melhor; me fazer de durao e nunca expressar meus sentimentos, mesmo sabendo que se eu nao fosse assim ia ser muito mais facil para os outros perceberem o quanto sao importantes para mim; esperar que as expectativas de algumas coisas se consolidem, que outras nao se consolidem; nao assistir pela cnn o enforcamento de ninguem, voltando a idade media em pleno seculo 21; gracas a deus nao ter que votar para prefeito (essa tortura, so em 2008); ver livros e cds de amigos lancados, com muito sucesso; ver textos e artigos de amigos publicados, com muito sucesso; encontrar com a maior frequencia possivel as pessoas que estarao longe fisicamente; desejar que todas as empreitadas e mudancas de vida deem certo; que meu tio passe pelo menos meio ano sem ter que ficar em funcao de hospital; que minha tia e minha avo se acertem, porque, como vi em um poster num bar aqui, “life is too short to drink cheap beer” (apesar de que tenho bebido muita cerveja barata...); que meu pai volte o mais cedo possivel para a nossa terra (isso soa muito brega, mas so quem fica longe sabe o quanto vale um aperto de mao ou um “tudo bem”); que alguns atritos conhecidos entre filhos e pais se resolvam; que eu consiga trabalho enquanto estou aqui (qualquer coisa) e que eu consiga trabalho quando voltar (na area, meu deus); enfim, ha muitas coisas mais, talvez mais importantes, talvez menos importantes, mas o que me ocorreu agora foi isso, mas o mais importante e que nesse ano que comeca agora, muito amor, paz, saude e felicidade estejam junto de todos nos, nao permitindo que coisas pequenas facam com que nos esquecamos o quanto as pessoas que nos cercam sao importantes e a nossa razao de ser.

(perdoem-me pela falta de acentos...)

domingo, novembro 26, 2006

a afirmação do blues

Charlie Patton e Son House ficariam orgulhosos. Acostumados com as agruras da pobreza, do racismo e da falta de perspectiva nas plantations (fazendas escravistas do sul dos Estados Unidos), os pais do blues, que cantavam para espantar seus fantasmas e suas tristezas, abririam um longo sorriso desdentado, seguido de um aceno de mão cansado, se pudessem sentir o clima do festival Cesma In Blues (CIB), que esse ano chegou à sua quinta edição e, ao que tudo indica, atingiu a maturidade, consolidando-se no cenário musical do Estado.

Não foi um caminho fácil. Até chegar a essa consolidação foram erros, acertos e muita insistência. Maior evento de blues do interior do Rio Grande do Sul, o CIB nasceu de uma decepção.

A idéia de reunir três bandas locais, na primeira edição do evento no Teatro Treze de Maio, surgiu de uma malfadada apresentação junto ao Brique da Estação, no largo da viação férrea de Santa Maria. Problemas técnicos frustraram os músicos das bandas Red House e Daniel Rosa & Saturno Blues, numa tarde modorrenta de outono, em 2002. Encucado e decidido a apoiar a emergente cena blueseira da cidade, o assessor de comunicação da Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria – Cesma, Paulo Teixeira, planejou um espetáculo com as duas bandas que iriam se apresentar no Brique, acrescidas da Paulo Noronha e os Watts. Apresentação, essa, que acabou por lotar o Treze de Maio. Era o primeiro sinal de um possível sucesso, com aprovação do público, mas com uma única ressalva: todos queriam mesas, cerveja, bourbon e fumaça. Enfim, o público queria festa.

Festa o público queria, festa o público teve. O festival passou por várias casas noturnas, sempre com alguma inovação, mudando nomes no palco, mas mantendo-se fiel às raízes do gênero que veio das margens do Rio Mississipi. Nomes como Andy Boy (Porto Alegre), Mustache Maia (Florianópolis) e Blues Power Trio (Rio de Janeiro) se apresentaram no CIB, consolidando o nome do evento na cidade. Para Paulo Teixeira, produtor de todas as edições, cada experiência trouxe um aprendizado novo, que levou até o novo formato: “esse foi o CIB que mais fluiu, acredito que isso encaminha um formato ideal”, afirma. Formato esse que foi inovador e recebeu aprovação total do público.

A grande sacada do Cesma In Blues 5 foi a criação da Cesma Blues Band (CBB), que tocou em um palco alternativo, nos intervalos dos shows do palco principal. Formada por músicos de Santa Maria que moram em outras cidades ou residem aqui, a Cesma Blues Band reeditou os bons momentos das jam sessions que habitaram o extinto bar Sanduba, sucesso de público à época. A idéia do palco alternativo foi do baixista Nenê Vianna, que hoje mora em São Paulo: “eu não tava a fim de ir num lance massa, que tinha quatro bandas, e no intervalo ter o clima quebrado por um cd”. Paulo Teixeira ressalta a importância da CBB: “resgatamos a valorização do músico local, o que sempre foi a idéia do CIB”.

E foi justamente esse espírito de música sem parar que contagiou a todos. Quando o público pressentia que um show do palco principal ia acabar, já começava a chegar perto do palco secundário. E a música não parou um só minuto. A energia de todas as bandas contaminou quem estava presente, principalmente os músicos. Para Paulo Noronha, que participou dos dois primeiros CIB, e integrou a CBB (junto a Daniel Rosa, Matheus Koester, Bruno Tessele e Nenê Vianna), o reencontro foi um momento especial: “Foi muito bom. Todos ali se gostam, são bons músicos. Revivemos uma época muito boa, e gostei muito de ser lembrado, apesar de hoje não estar mais tocando muito blues”. Nenê confirma o sentimento geral dos integrantes da CBB: “Foi maravilhoso tocar com os caras. Primeiro, porque havia um tempo que a gente não se encontrava; segundo, porque dava pra ver que tava todo mundo muito feliz com o som que a gente tava fazendo e, conseqüentemente, dava mais vontade de tocar”.

No palco principal, se revezaram quatro bandas, duas de Santa Maria e duas forasteiras, mantendo a tradição do festival de trazer grupos de fora da cidade. A música começou exatamente a meia-noite, com os primeiros acordes da santa-mariense Red House, única banda a tocar em todas as edições do CIB. Foi um show de composições próprias, que estarão no próximo CD, com lançamento previsto para março próximo (a banda já tem um disco independente lançado em 2004, One More Drink, One More Night, com tiragem esgotada). A segunda atração foi a Azambuja’s Blues Band, de São Leopoldo, comandada pela vocalista Alice, uma mistura de Grace Slick (vocalista da banda americana Jefferson Airplane) e Maria Rita, apresentando uma presença de palco impressionante.

A seqüência ficou por conta da banda local Arthur Aguiar e os colhedores de algodão, que deu alguns toques de psicodelia, mesclados ao clima Steve Ray Vaughan do vocalista e guitarrista Arthur, um discípulo do bluseiro texano. Fechando a noite, a banda de Sorocaba, Marcos Boi & Mad Dog Blues trouxe um blues festivo, fazendo o público balançar o esqueleto na pista.

Como não poderia deixar de acontecer, todos os músicos subiram ao palco no final (inclusive alguns que não foram convidados), numa grande jam session, que fechou a festa, depois de quase cinco horas ininterruptas de muito blues. Para Márcio Grings, gaitista Red House, o formato é definitivo: “Acho que esse foi o melhor CIB. É o formato certo”, afirma, lembrando da relação da banda com o festival: “A história da Red se confunde com a do CIB. Temos o maior orgulho de ter tocado em todos as edições”.

Quem não foi ao evento, ou quem foi e quer rever os bons momentos poderá alugar o DVD do CIB 5, que será lançado no dia 27 de dezembro, na última sessão do ano do Cineclube Lanterninha Aurélio, no auditório da Cesma. Segundo Marcos Borba, um dos produtores e responsável pelo audiovisual, registros visuais e sonoros não faltam: “Trabalhamos com uma equipe de doze profissionais, todos com muita vontade de estar ali. Temos mais de três horas de bastidores, além dos shows. Vamos valorizar muito esse material”. Para Paulo Teixeira, os objetivos estão sendo alcançados com o projeto: “Está havendo uma grande repercussão para a Cesma, que é um dos objetivos. Essa edição consolidou o retorno institucional e firmou a Cesma como produtora de um grande evento”.

Agora é esperar o Cesma In Blues 6, escutando Robert Johnson e Muddy Waters, com um copo do clássico Jack Daniels ao lado da poltrona.

terça-feira, novembro 21, 2006

Atrasos


Interessantes essas notícias sobre os atrasos intermináveis dos vôos nos maiores aeroportos do Brasil. Todo o viés por onde se analisa essa questão pode trazer umas conclusões esclarecedoras (ou não muito), mas tem uma que me parece ser a mais irônica.
Deu no noticiário, filmada por um dos manifestantes (provavelmente por sua própria câmera digital), a invasão da pista do aeroporto de Curitiba, por passageiros revoltados com os atrasos de seus vôos.
Aqui cabe culpa de todos. Do governo que não resolve a situação, do exército que não consegue lidar com uma rebelião dentro das suas trincheiras, das companhias aéreas, que deixam seus clientes, que pagaram muito caro pela passagem, a ver navios (com o perdão da ironia), sem o mínimo de informação.
Mas o engraçado de tudo é o protesto. Observando as imagens, parece claro que as pessoas que ali estavam são, no mínimo de classe-média, bem vestidas, bem instruídas, com acesso à informação. Devem assinar um ou dois jornais, mais uma revista semanal e ter acesso à internet banda larga. Então o que é engraçado? A invasão. Essas mesmas pessoas, de classe média alta, provavelmente reprovam, quando vêem na TV, a invasão por sem-tetos à um prédio abandonado, um protesto de uma comunidade carente que bloqueia uma estrada, criticando as altas taxas de criminalidade ou coisa que o valha. Ou quem sabe um quebra-quebra ou linchamento, fruto da revolta pelo assassinato de uma pessoa de bem numa vila qualquer.
- Que absurdo! Nada justifica essa selvageria!
- Por que “essa gente” não protesta de outro jeito?
- A liberdade dos outros termina onde começa a minha!
- Quem “essa gente” pensa que é, trancando a estrada desse jeito?
- A polícia tinha que descer o cacete nessa gente!
Frases como essa são ditas todos os dias, repetidas em todos os cantos do Brasil. A diferença agora? Doeu no de quem não costuma doer. Não sei quantas vezes algo como isso aconteceu, mas não é muito comum nesse país pessoas com maior poder aquisitivo passarem por esse tipo de situação. Mas estão (ou estamos, para não ser hipócrita) passando. Talvez possamos tirar uma lição boa dessa história toda. Até porque, afinal, no dos outros é refresco. E não faz mal!

sábado, novembro 18, 2006

reflexos

vira em
azulejos
de solidão

rejuntes
coloridos
do teu
pescoço

ladrilhos
ladras
escapando
dos
dedos

cintura
atoalhada

tu,
meio
mambembe

eu,
meio
circense

vira em
azulejos
de solidão

tua
pupila
anti-reflexo

espelhada
no
meu
rosto...

a volta dos que não foram

Faz tempo que não escrevo. Não vou mentir que colocar esse texto que fiz para a gloriosa disciplina de Redação IV foi uma encheção (ou enchessão, por que o Word não reconhece nenhuma das duas palavras) de lingüiça, talvez para tirar um termômetro de à quantas anda a minha vontade de publicar.
Também não vou mentir que durante esse tempo todo não me senti culpado por ter cultivado um espaço em que algumas pessoas perdiam o tempo lendo, e para o qual eu simplesmente deixei de dar bola. Mas não é culpa minha. Ou é.
Todo mundo que escreve sabe que existe uma entressafra, um tempo em que é melhor ficar quieto, não divulgar nada do que se pensa ou se sente, nada do que se chora ou se ri, do que se ama ou se odeia, nada do que se goza ou se decepciona. Não sei definir muito bem esse período para mim, mas foi um período estranho. Nada muito profícuo, nada muito interessante. Mas tenho certeza de que foi melhor ficar quieto (ou silente, ou “não-escrevente”).
Pretendo voltar agora, um pouco menos distante de quem lê, porque não tem coisa pior do que blogueiro que acha que tá falando sozinho. Vamos ver no que dá. Um há braço para todos.

um clube que merece o reconhecimento

vou postar aqui, depois desse tempo todo, uma materia feita sobre o Clube Amigos dos Animais, que desenvolve um trabalho muito bonito de conscientização.


Clube da Conscientização


“É o meu orgulho, o projeto da minha vida”. Assim, sem mais delongas, a veterinária Marlene Flores do Nascimento define o que representa para ela o Clube Amigos dos Animais e todos os outros projetos desencadeados a partir dele, que há dez anos cumpre um papel fundamental em Santa Maria: o de educar a sociedade para que aprenda a conviver e a respeitar os animais.

Proteger os animais e, ao mesmo tempo, educar a população não é uma tarefa fácil. Segundo Marlene, há aproximadamente vinte anos o poder público municipal não toma providências a respeito do controle populacional de animais na cidade. Além disso, as ações do Clube dos Animais e de qualquer outra entidade protetora dos animais não têm reconhecimento da prefeitura. Os órgãos públicos não estão interessados em ações nesse sentido e, de acordo com a veterinária, Santa Maria tem apresentado índices preocupantes de maus tratos aos animais, uma tendência que acompanha outras cidades do Sul do Brasil, onde a crueldade tem aumentado nos últimos anos. Situação oposta ao de outras regiões do Brasil, onde “existe uma conscientização maior sobre os direitos dos animais”, afirma.

Casos graves, como o ainda não comprovado (em andamento na justiça) de um carroceiro que recolhe animais na casa das pessoas, mentindo que levaria para a vila para doar a outras pessoas, e simplesmente enforca os cães, não são isolados. Há relatos de mais de dez cães enforcados pelo homem. “Infelizmente, é muito difícil que se comprove isso. O problema maior é a impunidade. Há algum tempo, quando houve uma campanha forte na mídia, seguida de punições aos malfeitores, os índices de violência diminuíram um pouco”, conta Marlene.

Mas, mesmo com esses percalços, o Clube Amigos dos Animais segue seu ótimo trabalho. Hoje, o Clube conta com cerca de quarenta apoiadores, sendo que cinco pessoas têm um trabalho contínuo, acompanhando Marlene. A proposta do Clube hoje é, fundamentalmente, de conscientização da sociedade. Seus três pilares de ação são: “educação, posse responsável e esterilização”. Trata-se de uma entidade não-eutanásica (contra o sacrifício de animais), que se propõem não a resolver os problemas das pessoas, mas sim, a estimular e ensinar o caminho para que cada um consiga lidar com os próprios problemas. É também totalmente contra os abrigos para animais. Quanto a isso, a Marlene conta uma história interessante: “quando criança, meu sonho era ter um abrigo de animais. Depois que virei veterinária, eu vi o horror que é um abrigo, a forma como maltratam os animais. Por isso não posso nem ouvir falar em abrigo”. Na esteira da crítica aos abrigos a veterinária analisa a onda da moda, as pet-shops: “Não me agrada esse consumismo todo, as pessoas estão humanizando os animais. Animal não é ser humano”, além disso, feiras de animais também estão no rol de maltratos aos bichinhos. Para a veterinária, faltam leis que regulamentem os direitos dos animais no Brasil.

A ação mais antiga do Clube em Santa Maria é a Feira do Vira-lata, uma feira dominical de doação dos famosos vira-latas (animais sem raça definida) esterilizados, que já contabiliza mais de mil e quinhentos animais doados, entre cachorros e gatos, desde 1996. Inicialmente, eram doados os animais na hora, para qualquer interessado. Hoje a conduta é diferenciada. É feito um cadastro para adoção na feira e uma visita à casa do interessado é agendada. Após a visita, o animal só é encaminhado castrado e se a pessoa interessada for considerada apta à adoção. “As pessoas pegavam os animais por impulso e depois os tiravam de casa, o que acabava só aumentando nosso trabalho”, lamenta Marlene, que afirma que com essas precauções isso tem ocorrido muito menos.

Em paralelo, são feitas campanhas permanentes de esterilização, onde já foram realizadas mais de duas mil cirurgias. Segundo um cálculo apresentado no site www.clubeamigosdosanimais.com.br, se essas cirurgias não tivessem sido feitas, a população de gatos e cachorros da cidade teria um acréscimo de cerca de vinte mil animais, o que comprova a importância do trabalho desenvolvido. Outra ação importante foi o projeto e construção da primeira Unidade Móvel para cirurgias de esterilização do Brasil. Em parceria com a Aliança Internacional do Animal – AILA, patrocinadora do projeto, um ônibus foi estruturado sob a supervisão médica de Marlene, percorrendo diversos pontos da cidade.

Hoje, a menina dos olhos de Marlene e dos integrantes do Clube é o Projeto Vida. Vencedor do prêmio Ação de Incentivo do Instituto Nina Rosa – São Paulo (entidade que atua na área de educação relacionada com animais e meio ambiente) em 2005, em uma disputa nacional, o Projeto Vida realiza palestras, apresenta vídeos em escolas, desenvolve ações comunitárias para o bem-estar animal em bairros carentes de Santa Maria e em São José do Norte, desde 2004. E o apoio não conseguido do poder público local, o Clube conseguiu em São Jose do Norte. Através de um convênio com a prefeitura da cidade litorânea, a veterinária Marlene contará com toda a estrutura da cidade para continuar seu trabalho, desde a vigilância sanitária, passando por professores e agentes municipais até o envolvimento da comunidade local.

São dez anos de trabalho árduo e muita dedicação. Hoje, a obra do Clube Amigos dos Animais transcende à simples esterilização ou doação de animais. É um trabalho que envolve a conscientização da sociedade para com o bem-estar de todos, da natureza, dos animais e do meio ambiente.

terça-feira, agosto 22, 2006

heheheheh

esse texto é de janeiro desse ano....
tira ali, ajeita aqui, parece que deu certo... chega dessa históoria de "argentinismos" no nosso país, pelo amor de deus.
prometo pra daqui a uns dias um texto completo sobre a conquista do colorado.
abraços

a cara do inter

cansei. às vésperas da libertadores da américa, a crônica esportiva e parte dos torcedores do internacional exageram na exigência de um espírito platino no time do inter. não posso concordar com um absurdo desses. por trás desse argumento “argentino” está o velho gremismo enrustido. por que não se pode ganhar a copa toyota jogando um futebol genuinamente brasileiro? não faltarão os que dizem que “futebol alegre não ganha libertadarores”. será? o time do flamengo, campeão do mundo, talvez o melhor time do Brasil na história, ao lado do santos de 60 e do inter de 70, ganhou - e muito bem - o campeonato. dirão que aquele time era fora de série. pois bem, times da bolívia e da colômbia também já ganharam a taça continental e, com certeza, não eram o que se pode chamar de retranqueiros.a cara do inter não é uma cara platina. a cara do inter é, sim, alegre. e isso não é demérito. o colorado é o time do povo. o verdadeiro time do povo. a cara do inter não é aquela da bandeira da alemanha. muito menos aquela do país vizinho que não suporta negros e eliminou todos eles ao longo de suas guerras, praticamente dizimando uma etnia.e essa cara alegre, bem mestiça – mais preta do que branca - foi a primeira cara gaúcha que ganhou do corinthians em são paulo, ainda na década de 60. foi a primeira a ganhar uma competição de nível nacional. foi também, pasmem, a primeira a jogar uma libertadores e também a primeira a chegar na final dessa competição. não ganhou, mas isso numa época em que valia mais jogar o gauchão. o grêmio ganhou, e com essa cara platina. méritos para o time da azenha.mas o inter não é assim. e a vida não gira em torno dessa competição, isso só serve pra consumo doméstico. o inter tem, por obrigação, ganhar a libertadores com sua cara. com renteria imitando saci quando faz gol. com iarley, quase um anão, no ataque. com chiquinho, habilidoso, baixinho e raçudo, nascido na periferia. chega de pensar futebol como o time da segunda pensa. a cara do inter não pode mudar. nossa identidade é essa e é assim que ganharemos a américa.

sexta-feira, junho 02, 2006

amigo

às vezes não sei muito bem o que falar dos amigos que tenho ao longo dessa vida. uns passaram, rápidos feito noite de sexta-feira. outros, ficaram. não sei por que. é difícil dizer o que é um amigo. por que se tem coisas em comum, ou, muito menos, por que se agüenta seus defeitos e suas virtudes.
sei que, nesses vinte e três anos que se passaram na minha vida, dou graças a Deus de poder dizer que, por bem ou por mal, cultivei várias amizades que se mantém, com brigas, rusgas, erros, discussões, birras, amores, paixões, e tudo mais que poderia e pôde acabar com uma amizade.
hoje sou uma pessoa melhor e pior por causa dos meus amigos. tenho mais defeitos e mais qualidades por causa deles. e por causa de mim. mas não estou escrevendo isso para falar de mim. estou escrevendo para dizer o quanto cada um é importante na vida. não sou de expressar muitas emoções e, paradoxalmente, tenho muito medo de que as pessoas de que eu gosto não saibam o quanto as amo. por isso que estou escrevendo isso, para dizer pra todos, Homero, Guilherme, André, Rodrigo, Márcio, Tranqüilo, Nico, Otto, Ricardo, Lúcio, Leonardo, Fabrício, Camila, Nenê, Marcos, Paulo, Raul, Fernando, Tucunduva, que todos são muito importantes para mim.
mas, um amigo, em especial, é para quem dedico meu pensamento. para o meu amigo Rogério. parceiro de tantas bebedeiras, de tantas alegrias e tristezas. de tanta grana, emprestada e não paga. não tenho como definir que praga é essa que nos une há tanto tempo. o cara lá em cima deve ter olhado para nós e dito: esses vão ser amigos para sempre, seja o que Eu quiser. E é assim que espero meu amigo. Não foi dessa vez parceiro, e, se depender do meu trato com o cara lá de cima não vai ser tão cedo. combinamos que tu vai ficar por muitos anos ainda aqui conosco, enchendo o saco depois de meia dúzia de antarcticas no dce.

quarta-feira, abril 26, 2006

teatros

sabe lá
o que vai ser
de mim

se corro
dialogando
sem palavras
bonitas

esqueço teu
medo de ter
medo de
ter
vontade de
ser tu

“olhos nos
olhos
quero ver
o que
você
faz”

não sei como
ter fim
esse
absurdo
de querer
te ver
feliz...

quarta-feira, abril 12, 2006

canal 100

quero beber
tua cachaça,
esquecer influência
de lá e de cá

driblar
o perna de pau
que sou

correr pro abraço
no fundo da
rede

sambar contigo
uma canção nova
do paulinho

chorar ouvindo
uma velha
do
chico

e fazer de conta que
rubro
encontro

teu branco
marca
de
maiô...

time do coração

uma discussão que sempre permeia os debates de quem gosta de futebol, aqui no rio grande, é: pra que time tal comentarista, jornalista ou narrador torce?
na realidade isso não importa muito. mas é engraçado ver quando os ditos isentos pendem claramente para o lado para o qual, desde que nasceram, torcem. desde que nasceram, sim, por que ninguém é isento nessa terra, nem que queira. nessa onda vou ao que importa, sem me preocupar muito em acertar ou errar. é tudo palpite mesmo:
lauro quadros: gremista
motivos: escala sempre o time do grêmio, assiste à grenal na casa de dirigente do grêmio e, sempre, mas sempre, dá uma alfinetada no inter
nando gross: colorado
motivos: gosta de futebol bem jogado, não baba pra brucutu
josé aldo pinheiro: gremista
motivos: um só é suficiente – conseguiu achar ruim a direção do inter escrever "agora é guerra" no anúncio dos jogos da libertadores. não tenho dúvidas de que se fosse anúncio do grêmio ia achar o máximo
josé alberto andrade: gremista
motivos: até gravação do programa do grêmio campeão fez. sem contar as convicções.

e a coisa que mais espero, sendo ouvinte assíduo do sala de redação, é a hora que o kenny vai escancarar que o lauro é gremista.
esses são alguns exemplos do que eu acho. isso, considerando que eu não faço de conta que sou isento, com todas as influências que o vermelho tem nas minhas idéias.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

que cagada, abel!

o inter jogou bem. mas não adiantou. eu odeio comentarista que marca técnico e faz dos seus comentários uma metralhadora contra o treinador. e, na maioria das vezes, é contra o treinador do colorado. vide mano menezes. é ídolo aqui. e é muito fraco. mas o abel fez uma que não merece complacência. o time colorado dominava a partida e tinha o controle quase absoluto do jogo. em alguns momentos demonstrou os ditos “apagões”, mas teve uma atuação interessante. as substituições foram equivocadas e chamaram o glorioso maracaibo para o campo de ataque. não tem explicação deixar um jogador como rubens cardoso em campo pra tirar o tinga (ou qualquer outro). aliás esse é um dos dois grandes problemas do inter (nem quero falar dos dois primeiros volantes): rubens cardoso. o outro, e mais preocupante, é michel. muito bonito que o abel queira recuperar o jogador, que foi mal tratado pelo muricy. muito bonito, mas o michel ganha uns trinta mil reais e não está jogando o suficiente para ser titular. ele que vá num psicólogo se tratar. até pode-se dizer que é mal escalado, pois fica sem função em campo, correndo de um lado para o outro. mas, mesmo mal escalados, jogadores como jorge wagner ou mossoró dão respostas muito mais positivas. ou melhor, dão resposta. sim, por que ontem o michel não entrou em campo. então, dividam-se as responsabilidades. o treinador, que escala, e o jogador, que não tem capacidade.
mas, apesar desses percalços, algumas coisas positivas apareceram ontem. fernandão e iarley jogaram bem, não se intimidando. ceará foi uma grata surpresa. não só pelo gol, mas pelo ímpeto e força de vontade, junto com qualidade nas jogadas (o que anda faltando ao élder “apagão” granja”) e, principalmente, a garra do time. fazia tempo que o time do inter não era tão aguerrido. e aí é que está o maior destaque do colorado na partida: fabinho. mesmo com edinho se sobrepondo, o volante que veio do santos deu passes certos, correu muito e encarou os venezuelanos de frente quando foi preciso.
de resto, resta (com o perdão da redundância) rezar para que o maracaibo tire uns pontinhos de pumas e nacional, que o abel abra os olhos e que não sejam esses dois pontos deixados na Venezuela importantes na classificação do alvi-rubro.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

férias

saio de férias por uns dias. vamos pruma prainha do uruguai fazer de conta que paraíso existe. se der ponho umas fotos aqui despues.
um abraço a todos os quatro leitores desse blog.

situações surreais

santa maria. domingo, 29 de janeiro de 2006. dois casais de amigos resolvem, no final de tarde, subir a estrada do perau para tomar uma cervejinha em um bar que fica quase chegando em itaara. a estrada é pequena, com pouco movimento e, ao lado do bar, os carros estacionam a beira da via. conversa vai, conversa vem e a vista continua linda, com direito a garganta do diabo e cidade no horizonte.
começa a anoitecer e, surpreendentemente, chega uma viatura da brigada militar, com direito a giroflex ligado. o que num primeiro momento é saudado, torna-se muito estranho. os policiais descem do carro, cacetete na mão e cara de mau, e começam a anotar as placas de alguns carros. sem entender nada, todos começam a entrar nos carros e mover-se, até que alguém descubra o que está acontecendo. passam alguns minutos e, para incredulidade geral, descobre-se o motivo das “multas”: a grande infração dos marginais que ousaram estar ali era estacionar o carro em sentido contrário. pasmem. óbvio que não deu em nada. os brigadianos ficaram um tempo lá, fizeram de conta que anotaram umas placas, fizeram de conta que cuidavam da segurança e foram embora, com a cara de mau e seus cacetetes.
corta para cerca de dois meses atrás. amigos aproveitam a noite quente na lancheria santa fé, em frente ao shopping da cidade. nesse mesmo shopping fica uma casa noturna muito frequentada. passa de uma da manhã e o movimento em frente a boate, na avenida, começa a intensificar. formam-se grupos de jovens, bebendo cerveja e conversando até que, como não podia deixar de ser, começa uma briga. as coisas ficam perigosas quando alguém começa a bater com um capacete na cabeça de um vivente caído.
todos na lancheria acompanham a cena com apreensão, enquanto mais do que quatro entram em contato com a emergência (190) da polícia. um dos diálogos com o profissional preparadíssimo:
- brigada militar.
- cara, to aqui na frente do absinto e ta feia a coisa.
- pois é, tu não é o primeiro a ligar
- é, eu vi que tem mais gente ligando, só que agora tão quebrando a cabeça dum cara com um capacete.
- positivo.
- vocês não vão mandar ninguém aqui.
- não tem viatura.
- como assim cara? tão matando um ali.
- isso não é nada perto do que ta acontecendo na cidade.
- mas não interessa o que ta acontecendo na cidade. a gente paga imposto pra ter uma viatura aqui cara.
- pode esperar sentado então.
não é preciso dizer que a viatura não apareceu. vai ver estavam passeando numa certa estradinha da serra, multando os carros estacionados na contra-mão. esses sim são uma ameaça a segurança.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

políticas

piada. só assim podem ser consideradas as declarações do secretário de saúde do estado do rio grande do sul, osmar terra. não tem explicação. a casa de saúde mantém-se, a duras penas, por um consórcio que envolve a cooperativa que administra o hospital, a prefeitura de santa maria e o governo do estado. é inacreditável o que aconteceu hoje. a secretaria de saúde, que tem repasses mensais específicos destinados à instituição, está atrasando os pagamentos desde meados de 2005. todos sabem, e a mídia divulga insistentemente, das dificuldades que vive a administração estadual, mas esse atraso está resultando no não pagamento de salário para os funcionários e, obviamente, em muitas dificuldades no atendimento.
pois o secretário terra saiu-se com essa hoje, em declaração a radio cdn: “santa maria precisa de um hospital com mais leitos e que não esteja sujeito a intervenções ou leilões como a casa de saúde... a casa de saúde não é prioridade”. por favor. será que o secretário não pensa nem um pouco no que está dizendo?
é mais do que óbvio que santa maria precisa de um hospital de primeira linha, que atenda aos cidadãos com o máximo de dignidade. mas nossa cidade precisa desse hospital tanto quanto qualquer outra cidade gaúcha. a casa de saúde é o melhor que se pode esperar? com certeza não. mas é o que existe e, enquanto essa ronha do hospital regional não for resolvida, é lá que muitas pessoas buscarão o atendimento que necessitam.
decepcionante. é o mínimo que se pode dizer. o secretário terra, que vem desempenhando um trabalho interessante na secretaria de saúde, numa das poucas áreas que não estão caóticas no governo atual, pisou na bola. será que quem não pode pagar um convênio particular está preocupado com a briga eleitoral que se avizinha com a chegada desse 2006? certamente que não.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

leia o enunciado e marque a opção correta:
o texto "tristezas..." pode ser considerado:
a) auto-ajuda?
b) auto-flagelação?
c) tortura?
d) porra nenhuma?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

tristezas...

tempo atrás, num momento meio confuso da vida, me vi numa mesa de bar com alguns amigos, num daqueles papos transcedentais-cabeça. depois de algumas cervejihas dançarem nos copos de requeijão, repicando por várias nuances da alma humana, despejo a pérola: “a gente nasce triste e sempre vai ser triste. o que tenta fazer é maquiar a tristeza ao máximo durante a vida”. não me lembro se a frase foi essa (pelo avançado da hora e o número de garrafas em cima da mesa, provavelmente não tenha sido), mas volta e meia acabo me lembrando disso.
todo bom depressivo (se é que bom depressivo é uma coisa plausível) tem momentos de extrema felicidade intercalados com extremas tristezas. como nada vem fácil, é meio óbvio que os momentos extremamente tristes são muito mais freqüentes e os felizes vêm com uma fugacidade cruel, feito moça nova que encosta o lábios e sai correndo.
mas de nada adianta ficar chorando mágoas, escorrendo pelos cantos, fugindo da realidade. a vida vive (com o perdão da redundância) uma relação de troca intensa conosco, quase como um swing. é uma merda mesmo. o negócio é conseguir perceber que até os momentos mais torturantes, quando parece que em vez de pisar na merda se mergulha nela, trazem alguma coisa que vai servir em alguma outra ocasião.
triste, tudo sempre vai ser. a graça de acordar de manhã sabendo que vai ser mais um dia comum. que nada vai acontecer pra balançar a alma. que os mesmos sorrisos vão bater aos olhos. que todos vão estar do mesmo jeito. que as mesmas brigas vão acontecer pelos mesmos motivos fúteis. a graça disso tudo está em escutar aquela música boba, que não significa nada de mais, botar um sorriso na cara e responder pro vizinho de oitenta e tantos anos, que todo o santo dia faz a mesma pergunta:
- óóó, cume qui vai a luta?
- Vai bem, vai bem...
... e continuar maquiando a tristeza com um pouquinho de felicidade.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

a cara do inter

cansei. às vésperas da libertadores da américa, a crônica esportiva e parte dos torcedores do internacional exageram na exigência de um espírito platino no time do inter. não posso concordar com um absurdo desses. por trás desse argumento “argentino” está o velho gremismo enrustido. por que não se pode ganhar a copa toyota jogando um futebol genuinamente brasileiro? não faltarão os que dizem que “futebol alegre não ganha libertadarores”. será? o time do flamengo, campeão do mundo, talvez o melhor time do Brasil na história, ao lado do santos de 60 e do inter de 70, ganhou - e muito bem - o campeonato. dirão que aquele time era fora de série. pois bem, times da bolívia e da colômbia também já ganharam a taça continental e, com certeza, não eram o que se pode chamar de retranqueiros.
a cara do inter não é uma cara platina. a cara do inter é, sim, alegre. e isso não é demérito. o colorado é o time do povo. o verdadeiro time do povo. a cara do inter não é aquela da bandeira da alemanha. muito menos aquela do país vizinho que não suporta negros e eliminou todos eles ao longo de suas guerras, praticamente dizimando uma etnia.
e essa cara alegre, bem mestiça – mais preta do que branca - foi a primeira cara gaúcha que ganhou do corinthians em são paulo, ainda na década de 60. foi a primeira a ganhar uma competição de nível nacional. foi também, pasmem, a primeira a jogar uma libertadores e também a primeira a chegar na final dessa competição. não ganhou, mas isso numa época em que valia mais jogar o gauchão. o grêmio ganhou, e com essa cara platina. méritos para o time da azenha.
mas o inter não é assim. e a vida não gira em torno dessa competição, isso só serve pra consumo doméstico. o inter tem, por obrigação, ganhar a libertadores com sua cara. com renteria imitando saci quando faz gol. com iarley, quase um anão, no ataque. com chiquinho, habilidoso, baixinho e raçudo, nascido na periferia. chega de pensar futebol como o time da segunda pensa. a cara do inter não pode mudar. nossa identidade é essa e é assim que ganharemos a américa.

sábado, janeiro 07, 2006

meu avô

nunca tive uma relação fantástica com o pai da minha mãe, meu avô darci. ele nunca foi do estilo bonachão, não fazia muitas brincadeiras. na realidade meu avô era muito sério. desde novo sempre foi muito econômico, sempre pensando em poupar. somos de origem alemã nesse lado da família. imigrantes pobres, o que deve ter feito a infância dele não ter sido das mais agradáveis. minha bisavó casou cedo e forçada, com um homem mais velho, que acabou morrendo quando meu avô ainda era jovem. dona ida, como era chamanda, acabou virando uma mulher amarga, sem muita alegria de viver, ficando esclerosada já na velhice. e minha bisavó sempre morou com meu avô, filho único. mesmo depois que ele casou e minha mãe e meus tios nasceram. engraçado nessa vida é como os opostos se atraem e, acho eu, se completam. minha avó, hilária, é absurdamente o oposto do meu avô. ela sim é bonachona e faz todas as vontades dos netos. e essa postura dela sempre aumentou e potencializou a brabeza do meu avô.
durante alguns anos eu e minha mãe moramos na casa dos meu avós. bem, não era bem na mesma casa (graças a deus, para a sanidade mental de todos), era numa casa que ficava no mesmo terreno, atrás da casa deles. minha bisavó ainda era viva e já estava esclerosada, o que elevou o nível de conflito entre eu, guri de nove anos, e meu avô, homem de setenta, já acometido da doença nos rins que o levou a fazer hemodiálise durante anos. as brigas eram constantes e, geralmente, por motivos muito, mas muito idiotas. naquela época eu realmente não gostava muito do meu avô.
o engraçado aqui é que eu comecei a mudar essa minha visão do meu avô, de autoritário e insensível, exatamente no dia em que nos mudamos da casa deles para um apartamento no bairro teresópolis. foi o velho quem nos levou enquanto o caminhão da mudança ia e, na última das idas e vindas, quando realmente íamos ficar para arrumar as coisas, aconteceu. no corredor do prédio (impressionate como tenho essa imagem viva na minha cabeça) ele, meio balbuciante, disse que não precisávamos ter nos mudado, nos abraçou e virou as costas chorando, em silêncio. não sei o que aconteceu àquela hora, mas sempre gosto de acreditar que ele viu que as coisas não precisavam ser do jeito que eram, que a vida, apesar de ser muito, não precisava sempre ser tão amarga e triste.
óbvio que nos anos que se passaram ele continuou ranzinza e implicante. mas alguma coisa eu acho que mudou. não era tanto como era antes. e não sou eu quem vai esperar que alguém de setenta e tantos anos mude o jeito de ser duma hora pra outra.
meu avô faleceu há quatro anos e meio. há um tempo já morávamos aqui em santa maria e eu, por uma decisão idiota dessas que a gente toma na vida, não fui no enterro. não sei por que escrevo sobre ele, nem o que quero fazer com isso. talvez seja um descargo de consciência ou saudade mesmo. apenas gosto de pensar que ele morreu, depois de tanto sofrimento pelas constantes infecções, doenças e dificuldades da vida, sabendo que todos que cercavam ele o amavam muito e sabiam que ele, do jeito singular que só ele tinha, amava a todos também.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

jorge wagner renova com internacional

e o fax chegou. depois de um mês de expectativa pela liberação do atleta baiano, o internacional recebeu hoje a confirmação do lokomotiv moscou e anunciou a permanência de jorge wagner até agosto de 2006. jogador colorado desde janeiro de 2005, wagner teve desempenho mediano no ano passado, não correspondendo às expectativas criadas em torno de seu futebol. acusado de tremer em jogos decisivos e já desacreditado por parte da torcida, wagner terá a verdadeira chance de mostrar seu valor nesse novo ano. improvisado por muricy ramalho na lateral esquerda, posição onde nunca havia atuado antes, o meia foi prejudicado pela necessidade de jogar defensivamente, num esquema que o prejudicava em detrimento do pseudo-craque élder granja. soma-se a isso algumas lesões que o impediram de adquirir ritmo e uma fase técnica realmente ruim.
agora sob o comando de abel, com quem trabalhou no bahia e que tem confiança plena nas suas capacidades, resta esperar dele a resposta que não veio em 2005. bola no pé ele tem, mas será que será o suficiente para levar o inter à uma campanha exitosa numa competição exigente como a libertadores da américa? o internacional parece seguir a receita do grêmio, não gastando muito e apostando em motivação e conjunto para chegar às vitórias. mas convém lembrar que motivação e conjunto sem qualidade não adianta nada.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

rosas

depois do brilhante texto de abertura abaixo, vou tentar encher linguiça com um escrito antigo, acho que de 2003, enquanto descubro o que faço com esse tal de blog...
há braços

rosas

o tempo passava devagar naquele ano. ficávamos horas jogando conversa fora e bebendo nos bares mais sujos e perigosos da cidade. quando ele morreu nada mais sobrou de engraçado nas nossas noites. era um cara legal, bebia bastante e sempre sabia falar a coisa certa no momento certo. o erro foi ter conhecido aquela mulher. tudo mudou desde então: não bebia mais, não viajava, dormia bem todas as noites, trabalhava e até pensava em ter filhos.
um dia chegou em casa e pegou a vagabunda com dois caras na cama. poderia ser uma história comum. não foi. ele não era herói – e sabia disso. ela não era santa – e sabia disso. mas mesmo assim sentia por ele algo que nunca tinha sentido por ninguém: - eu sinto pena de ti, ela disse, quando ele entrou pela porta do quarto com um buquê de rosas que tinha comprado para comemorar o aniversário de casamento. eu também, respondeu, virando as costas e saindo até a cozinha. dois minutos depois, voltou. foi até a cama e apontou uma faca pro pescoço dela, olhou pros garotões e mandou eles darem o fora.os caras se mandaram.
ele, então, cruzou fundo o olhar, apertou o peito contra o dela, e fez um corte no próprio braço. o sangue começava a formar uma poça em cima da cama, quando pegou o buquê de rosas e disse, olhando para as pernas trêmulas da mulher: - agora, come cada pétala e bebe todo sangue que sair de mim. ela tentou reagir, mas o fio da faca na garganta convenceu-a a fazer o que ele mandava. comeu uma por uma das pétalas e bebeu cada gota de sangue que saía do braço dele. e então as pétalas acabaram. ela o olhou, com a boca rubra, quando de repente ele lhe deu um beijo e enfiou a faca na barriga dela, com toda força que pôde. ela olhou pra ele e sussurrou, quase sem forças: - eu tenho pena de ti. eu também – ele respondeu cortando a jugular com um fino toque da faca.
o tempo tem passado devagar ultimamente. ficamos horas bebendo e jogando conversa fora nos bares mais sujos e perigosos da cidade. hoje faz três anos que ele morreu. em toda mesa que sentamos, existe um buquê de rosas vermelhas.


meio pesado prum início...mas vá lá...

terça-feira, janeiro 03, 2006

blá blá blá blá

blá blá blá blá blá blá