sexta-feira, junho 01, 2007

ROCKY BALBOA, O VERDADEIRO INACREDITÁVEL



Foram três os filmes aos quais assisti nessa semana:

- Babel

- O Labirinto do Fauno

- Rocky Balboa


O que posso dizer deles:


- O Labirinto do Fauno:

Um filme fantástico, está entre os melhores que vi. O diretor Guillermo Del Toro acertou a mão. Uma mistura de fábula e crítica política na medida certa. Com certeza o melhor filme dos três. A menina Ofélia (Ivana baquero) é de uma empatia absurda. Espero que continue atuando.


- Babel:

O cinema dito "independente", que de independente não tem mais nada, começa a criar teias de aranha. O lugar comum de contar várias histórias interligadas por um único incidente começa a ficar cansativo. Parece um desespero querer resumir o limbo da sociedade a uma teia de relacionamentos. É óbvio que os acontecimentos estão ligados. Mas Crash mostra isso com muito mais fidelidade. O perigo de forçar a barra assim é o de ficar refém de um tiro em Marrocos e de crianças americanas no México. Técnicamente muito bom. Roteiro abaixo da média. Atores em bom momento. Bons demais, preocupados demais com a pose perante o social. A parceria de Amores Brutos parece estar fadada a um triste final. É hora de reinventar.


- Rocky Balboa:

A coisa mais comum em rodinhas "inteligentes" é alguém descer o pau em filmes ditos "blockbusters". Pois eu confesso:

Gosto muito dos enlatados.

A principal vantagem desse tipo de filme é a de que ninguém quer fazer de conta que é inteligente. Rocky Balboa nunca foi inteligente. Stallone na minha opinião é um injustiçado. Além de sempre atuar bem nos filmes da série (com exceção do quinto), CopLand mostra a qualidade do descendente de italianos como ator.
O sexto filme da série é muito bom. Não há pessoa nesse mundo que não se segure no sofá para não dar um soco ao som da espetacular música tema, enquanto Rocky golpeia mais um infeliz adversário, ao mesmo tempo em que se livra dos fantasmas do passado. Quem vence no final não importa. O que importa é saber detalhes de produção, como o de que a luta final foi filmada numa arena lotada por 14 mil espectadores, que mesmo esperando outra luta, gritaram desesperadamente "Rocky, Rocky, Rocky" quando Balboa subiu ao ringue (após acordo com a rede de tv detentora dos direitos da luta). É, com certeza, um grande final para um grande personagem do cinema.

CALA A BOCA, CHÁVEZ!



Me lembrei daquela música do Chico e do Rui Guerra, Cala a Boca Bárbara. Mas hoje a frase tem que ser, Cala a Boca, Chávez! E o contexto, infelizmente, é muito pior.


É bem verdade que foi um cutuco desnescessário, mas faz parte do convívio democrático. O congresso brasileiro pode ser corrupto, adorar uma pizza, só ter sem-vergonhas. Mas foram todos eleitos pelo povo, e são nossos representantes. E, sendo assim, tem todo o direito de lançar manifestos, moções, votos de recomendação e ter opinião, desde que ela seja votada democraticamente dentro da Casa.


O voto de recomendação pela revisão do cancelamento da concessão da RCTV se enquadra aí. Chávez tem todo o direito também de falar o que quiser do Congresso do Brasil. Mas que bobagem que falou.O presidente Venezuelano cada vez mais se afunda no próprio ego. Dizer que o Congresso brasileiro é "papagaio dos Estados Unidos" ou coisa que o valha é dose. Principalmente vindo de quem vem. Lula agiu bem exigindo explicações do embaixador venezuelano no Brasil.
E assim vai a América do Sul. Do jeito que a coisa anda, golpes de Estado se avizinham. E a história do continente continuará dando voltas ao redor do próprio rabo.

SGT. PEPPER'S



Hoje o disco que mudou a história da música popular no século XX faz aniversário. São quarenta anos desde que os Beatles lançaram o álbum que elevou o rock and roll a uma categoria poucas vezes alcançada novamente. De cabeça, só me lembro de The Dark Side of The Moon como um disco com tamanho apuro técnico e tão revolucionário esteticamente. Obviamente que existem muitos outros, mas esses talvez sejam os mais importantes.


Depois de abandonar as apresentações em palcos, pela histeria das fãs e pela dificuldade de reproduzir fielmente os discos, o quarteto passou muito tempo em estúdios. Combinado com a ebulição criativa de Lennon, McCartney e Harrison, e com a produção refinada de george Martin, o resultado não poderia ser outro.


Rubber Soul e Revolver foram ensaios muito bem feitos, mas em Sgt. Pepper's, o tiro foi no alvo. Inovando com arranjos inteligentes e com músicas que se completavam umas com as outras, como se fossem parte de uma história, o disco era perfeito.

As canções não eram exatamente o que poderia se chamar de rock tradicional. Lucy In The Sky With Diamonds, When I'm 64, With a litle Help For My Friends. Essas e todas as outras logo viraram clássicos da música popular. Sem contar a fantástica capa, uma fotomontagem com personagens importantes da cultura mundial, como Bob Dylan, Marlon Brando, Marilyn Monroe e Karl Marx.


Conheci o álbum da melhor forma possível. Já iniciara minha coleção de discos dos Beatles e Sgt. Pepper's era um desejo antigo. Faz muito tempo isso, e na minha estante já estavam Please, Please Me, Magical Mystery Tour e With the Beatles. Já conhecia a fama, mas a primeira audição foi incrível. Foi como uma viagem, sensação que tive depois de novo ao ouvir outro clássico: Abbey Road. Mas isso é assunto para outro dia.

quinta-feira, maio 31, 2007

INTER ARMA RETRANCA E SAI DERROTADO



Se existe um nome para a postura do time do Internacional contra o Pachuca na final da Recopa este é "RETRANCA".


A muito tempo não via o colorado jogando tão recuado. O Inter jogou no 3-6-1 e no 4-5-1.Postura que poderia ser considerada inteligente, visto o gol nos primeiros minutos de jogo. Pato teve uma chance e fez um gol. Mas com certeza será criticado pela sua falta de participação, o que é uma bobagem. Depois do gol, o time da Capital gaúcha teve bons momentos e conseguiu levar o jogo de forma equilibrada. Mas o recuo foi muito grande e na metade da primeira etapa, num lance de azar o time mexicano empatou. E dali até os 45 minutos o Inter não passou do meio do campo. No segundo tempo, mesmo cenário. Retranca e balão para frente para tentar o contra-ataque com Pato. Mas o garoto cansou, obviamente. E foi substituído por Iarley. Fernandão jogou como terceiro volante desde o início da partida, completando o meio de campo formado por Edinho, Wellington Monteiro, Maycon (que não entrou em campo) e Pinga ( às vezes de atacante, lutou muito, mas parece que não conseguirá jogar nunca). Um meio de campo digno de um show de horrores.


Com todo esse recuo, obviamente que o Pachuca virou o jogo, em falsa falha do zagueiro Mineiro. Falsa falha porque Mineiro não consegue jogar na sua posição, visto que Rubens Cardoso pensa que é Gilberto. Pena que tem jogado um futebol de Cleomir. No final do jogo, com a entrada de Christian, o Inter melhorou. Num lance dos mais esquisitos do ano, o centro-avante estufou as redes. O juiz, que depois pediria desculpas pelo erro ao técnico Gallo (segundo o treinador), anulou a pedido do bandeirinha, que não sabia onde deveria ficar e, segundo Iarley, formou a barreira sem pedido dos jogadores colorados. Falha do juíz e do bandeira. Na repetição da falta, Rubens Cardoso acertou o travessão. Fim de jogo, o Inter comemora e deve comemorar o resultado. Para o jogo da volta, deve-se repensar a escalação. Vale ressaltar a questão da altitude, que prejudicou a equipe no preparo físico.


No jogo da volta, com o apoio da torcida, o Inter tem muitas chances reverter esse resultado. Resta saber se coseguirá equilibrar o time, que parece que ou ataca ou defende. Ou não faz nem uma coisa nem outra.


Considerações


- Insuportável a transmissão da TV Com. Além do amadorismo técnico, o tratamento dispensado ao time é muito exagerado. Em outras épocas, jogar assim era inteligente e ser copeiro.

- Fernandão foi sacrificado como volante. Quando Gallo alterou o time, todo o tempo foram dois atacantes. Não entendi. Deu entrevista no final de jogo, com muita inteligência, como sempre, o que inacreditavelmente é motivo de irritação para alguns.

- Não ouvi revolta com o erro do árbitro, que prejudicou, sim, o time colorado. O comentarista da Gaúcha chegou ao ponto de dizer que o árbitro acertou no lance polêmico e não há nada a corrigir. Não interessa se o time jogou bem ou não nessa hora. Aposto que se o Inter tivesse massacrado e acontecesse o mesmo lance, haveria revoltas.

- Maycon não pode nem entrar no estádio Beira-Rio. O volante simplesmente não encosta na bola, e hoje nem faltas fez.

- Ceará está mal, parece estar mais cansado do que em má fase.

- Alex deve voltar ao time.
- Clemer voltou para onde não deveria ter saído.

CHÁVEZ & RCTV




Como todoas as coisas que envolvem a questão chamada liberdade de imprensa, o caso RCTV e o governo do pseudo-ditador da Venezuela é polêmico. Não me coloco entre aqueles que pensam que a mídia é inatingível. Os países são soberanos, e para o bem ou para o mal Chávez foi, tecnicamente, eleito.

Acredito que falte consciência para a sociedade de que na Venezuela, assim como no Brasil, uma emissora de televisão ocupa um canal de transmissão que é propriedade do Estado, em última análise, da sociedade. Sendo assim, essas redes estão sim, sob controle do Estado. Não concordo com a postura autoritária do governante venezuelano e muito menos com grande parte das ações dele como presidente. Porém, tenho consciência de que nesse caso talvez o furo da bala seja mais embaixo.

Em 2002, durante o malfadado golpe na Venezuela (prontamente aceito pelo embaixador americano no país), a RCTV serviu de palanque para os militares golpistas, além de fazer parte do novo governo que assumiu e ter papel fundamental no andamento do golpe.

Partindo desse princípio da concessão, se a RCTV fosse um jornal, que não faz uso de nenhuma propriedade do governo, nenhum problema em ser golpista. Mas, me parece meio absurdo uma empresa que claramente atentou contra a democracia, posar de coitadinha numa situação como essa. Quer ser golpista, que seja. O fato é que esse tipo de postura acarreta arcar com as consequencias óbvias.

Com relação a conduta e cobertura da mídia brasileira:
Todas as empresas repudiaram o fechamento e isso é natural. Porém as informações sempre vêm incompletas. Quase nunca é lembrado, com o devido peso, o acontecimento do golpe em 2002.

Em resumo, acho que vale uma reflexão da mídia sobre o corporativismo, além de necessitarmos todos de uma reflexão. Canais de tv e estações de rádio são propriedades públicas, e essas concessões acabam e devem ser renovadas, seja para o mesma empresa ou para outra. Esse conhecimento é o que esse episódio deveria trazer de bom, mas não está trazendo e nem trará.


Quanto a situação venezuelana, é difícil fazer um julgamento com certezas, pois a polarização de opiniões sobre assunto é muito grande, e tanto as opiniões dum lado como as do outro vêm carregadas de um viés ideológico enorme.