quinta-feira, janeiro 19, 2006

a cara do inter

cansei. às vésperas da libertadores da américa, a crônica esportiva e parte dos torcedores do internacional exageram na exigência de um espírito platino no time do inter. não posso concordar com um absurdo desses. por trás desse argumento “argentino” está o velho gremismo enrustido. por que não se pode ganhar a copa toyota jogando um futebol genuinamente brasileiro? não faltarão os que dizem que “futebol alegre não ganha libertadarores”. será? o time do flamengo, campeão do mundo, talvez o melhor time do Brasil na história, ao lado do santos de 60 e do inter de 70, ganhou - e muito bem - o campeonato. dirão que aquele time era fora de série. pois bem, times da bolívia e da colômbia também já ganharam a taça continental e, com certeza, não eram o que se pode chamar de retranqueiros.
a cara do inter não é uma cara platina. a cara do inter é, sim, alegre. e isso não é demérito. o colorado é o time do povo. o verdadeiro time do povo. a cara do inter não é aquela da bandeira da alemanha. muito menos aquela do país vizinho que não suporta negros e eliminou todos eles ao longo de suas guerras, praticamente dizimando uma etnia.
e essa cara alegre, bem mestiça – mais preta do que branca - foi a primeira cara gaúcha que ganhou do corinthians em são paulo, ainda na década de 60. foi a primeira a ganhar uma competição de nível nacional. foi também, pasmem, a primeira a jogar uma libertadores e também a primeira a chegar na final dessa competição. não ganhou, mas isso numa época em que valia mais jogar o gauchão. o grêmio ganhou, e com essa cara platina. méritos para o time da azenha.
mas o inter não é assim. e a vida não gira em torno dessa competição, isso só serve pra consumo doméstico. o inter tem, por obrigação, ganhar a libertadores com sua cara. com renteria imitando saci quando faz gol. com iarley, quase um anão, no ataque. com chiquinho, habilidoso, baixinho e raçudo, nascido na periferia. chega de pensar futebol como o time da segunda pensa. a cara do inter não pode mudar. nossa identidade é essa e é assim que ganharemos a américa.