sexta-feira, janeiro 27, 2006

políticas

piada. só assim podem ser consideradas as declarações do secretário de saúde do estado do rio grande do sul, osmar terra. não tem explicação. a casa de saúde mantém-se, a duras penas, por um consórcio que envolve a cooperativa que administra o hospital, a prefeitura de santa maria e o governo do estado. é inacreditável o que aconteceu hoje. a secretaria de saúde, que tem repasses mensais específicos destinados à instituição, está atrasando os pagamentos desde meados de 2005. todos sabem, e a mídia divulga insistentemente, das dificuldades que vive a administração estadual, mas esse atraso está resultando no não pagamento de salário para os funcionários e, obviamente, em muitas dificuldades no atendimento.
pois o secretário terra saiu-se com essa hoje, em declaração a radio cdn: “santa maria precisa de um hospital com mais leitos e que não esteja sujeito a intervenções ou leilões como a casa de saúde... a casa de saúde não é prioridade”. por favor. será que o secretário não pensa nem um pouco no que está dizendo?
é mais do que óbvio que santa maria precisa de um hospital de primeira linha, que atenda aos cidadãos com o máximo de dignidade. mas nossa cidade precisa desse hospital tanto quanto qualquer outra cidade gaúcha. a casa de saúde é o melhor que se pode esperar? com certeza não. mas é o que existe e, enquanto essa ronha do hospital regional não for resolvida, é lá que muitas pessoas buscarão o atendimento que necessitam.
decepcionante. é o mínimo que se pode dizer. o secretário terra, que vem desempenhando um trabalho interessante na secretaria de saúde, numa das poucas áreas que não estão caóticas no governo atual, pisou na bola. será que quem não pode pagar um convênio particular está preocupado com a briga eleitoral que se avizinha com a chegada desse 2006? certamente que não.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

leia o enunciado e marque a opção correta:
o texto "tristezas..." pode ser considerado:
a) auto-ajuda?
b) auto-flagelação?
c) tortura?
d) porra nenhuma?

segunda-feira, janeiro 23, 2006

tristezas...

tempo atrás, num momento meio confuso da vida, me vi numa mesa de bar com alguns amigos, num daqueles papos transcedentais-cabeça. depois de algumas cervejihas dançarem nos copos de requeijão, repicando por várias nuances da alma humana, despejo a pérola: “a gente nasce triste e sempre vai ser triste. o que tenta fazer é maquiar a tristeza ao máximo durante a vida”. não me lembro se a frase foi essa (pelo avançado da hora e o número de garrafas em cima da mesa, provavelmente não tenha sido), mas volta e meia acabo me lembrando disso.
todo bom depressivo (se é que bom depressivo é uma coisa plausível) tem momentos de extrema felicidade intercalados com extremas tristezas. como nada vem fácil, é meio óbvio que os momentos extremamente tristes são muito mais freqüentes e os felizes vêm com uma fugacidade cruel, feito moça nova que encosta o lábios e sai correndo.
mas de nada adianta ficar chorando mágoas, escorrendo pelos cantos, fugindo da realidade. a vida vive (com o perdão da redundância) uma relação de troca intensa conosco, quase como um swing. é uma merda mesmo. o negócio é conseguir perceber que até os momentos mais torturantes, quando parece que em vez de pisar na merda se mergulha nela, trazem alguma coisa que vai servir em alguma outra ocasião.
triste, tudo sempre vai ser. a graça de acordar de manhã sabendo que vai ser mais um dia comum. que nada vai acontecer pra balançar a alma. que os mesmos sorrisos vão bater aos olhos. que todos vão estar do mesmo jeito. que as mesmas brigas vão acontecer pelos mesmos motivos fúteis. a graça disso tudo está em escutar aquela música boba, que não significa nada de mais, botar um sorriso na cara e responder pro vizinho de oitenta e tantos anos, que todo o santo dia faz a mesma pergunta:
- óóó, cume qui vai a luta?
- Vai bem, vai bem...
... e continuar maquiando a tristeza com um pouquinho de felicidade.