quinta-feira, agosto 02, 2007

Vaxxxcão 2 x 0 Perdidos no Campo


O jogo de ontem foi pródigo. Vejamos quantos motes engraçados (tragicômicos, na verdade) existiriam para abir esse texto. Um time que tem em Perdigão o seu melhor jogador. Disparado. Que tem o lendário Dario Conca, tão pretendido pelo Internacional, como cérebro do meio-campo. Que tem um ataque com Leandro Amaral, o prícipe gremista e Alan Kardec, que dispensa piadinhas óbvias. Que é treinado pelo adorado e odiado (na mesma proporção) Celso Roth. Esse time, com tudo isso (tudo, nesse caso, é um impropério meu), não só ganhou do Inter e está em terceiro lugar na tabela. Esse time jogou muito melhor do que o colorado, nessa fatídica noite gelada de Porto Alegre. Mas esse texto vai tentar não começar engraçadinho. Porque não teve graça nenhuma essa derrota.

Ontem senti os anos noventa renascendo no Beira-Rio. Não exatamente pela derrota para o Vaxxcão do neo-ofensivista Celso Roth (o homem está enlouquecendo), nem pela atuação exuberante de Perdigão e Alan Kardec. O probema, ontem, foi a falta de esperança da torcida. A falta de confiança no time. E, principalmente, a falta de qualidade do treinador.

No início, naquele gol imperdível que Pato perdeu, estava escrita a história do jogo. Aquele friozinho na barriga virou um frigorífico. Aos poucos. Em doses homeopáticas. O mesmo friozinho que dava quando Cleomir pisava no gramado. Ou quando Paulo Isidoro perdia um gol feito. Ou quando Sílvio se transformava num Aranha-Negra. Ou quando Leandro Guerreiro (ah, o Leadro Guerreiro, aquele filho da...) perdeu aquela bola no Mineirão. E logo o Vasco já estava ganhando de dois a zero.

Um passeio. E o Inter perdido em campo. Sem esquema, com jogadores fora de posição, além de algumas mediocridades. É risível o posicionamento do time em campo. O Vasco simplesmente tomou conta da faixa central do campo do Beira-Rio. Parecia que os jogadores do time carioca conheciam o gramado como conhecem as ruas do bairro de São Cristovão. E o buraco no meio-campo colorado. De novo. Parece um Kharma. Não tem sentido amontoar zagueiros para liberar um ala-direita que não parece ter condições de jogar a primeira divisão do Gauchão e um ala-esquerda que se esconde do jogo. Aliás, Alex é um caso a parte. Não pode ser ala ou lateral. Não tem físico para isso. O apito de Sálvio Espinola anunciando o final da primeira etapa foi um alívio. Não que houvesse esperança real de que o time virasse o jogo, ou pelo menos empatasse, mas pelo menos o fiasco estava interropido. E aí era a hora do treinador. Treinador porque Alexandre Gallo ainda não é técnico de futebol. Pode até vir a ser algum dia, mas ainda não é.

E no intevalo ele provou que ainda não é técnico. Mesmo.Também provou que não conhece muito o material que tem nas mãos. Tirar Diego Bottin era uma obviedade. Magal, inclusive, vinha atuando razoavelmente médio (essa redundância é apropriada para ele) na lateral. E de lá não deveria ter saído. Para lá voltou. Mas tirar Roger, um dos únicos que tentava alguma coisa em campo, não tem explicação. E assim foi o Inter para o segudo tempo, direto do 3-5-2 para o 4-3-3. Com Christian ao lado de Iarley e Pato. Aconteceu o esperado. O time pressionou desorganizadamente, até criou algumas chances de gol, mas a torcida já sabia. Não ia dar. Mas, para completar a atuação de luxo do treinador, quando Pinga machucou-se, ao invés de puxar Alex para o meio, onde rende melhor, entrou Luciano Henrique. E sobre Luciano Henrique não há o que falar, partindo do principio que a participação mais destacada dele foi uma furada de bola na entrada da área. Não precisa muito para imaginar a reação da torcida, que àquelas alturas já tinha, como diz o Pedro Ernesto, jogado, pisado em cima, torcido e rasgado de raiva a toalha. Ainda houve um pênalti escandaloso sobre Christian, onde o juiz deu falta do atacante, um claro exemplo de perigo de gol. Juiz que teve atuação muito ruim. Mas o time colorado conseguiu fazer isso não ser o maior problema.

E nessas o jogo foi indo, indo e iu, como disse uma vez um sábio jogador gremista. O jogo iu, os jogadores foram, Gallo deu explicações, a torcida também iu, cabisbaixa, e eu tomei mais uma ou duas cervejas no bar ao lado do Gigante, esperando diminuir o movimento e acabei indo, me lembrando da sina colorada, dos anos noventa, do Cleomir, do Paulo Isidoro, do goleiro Sílvio, do Leandro Guerreiro (ah, o Leandro Guerreiro, aquele filho da...)...