quinta-feira, maio 31, 2007

CHÁVEZ & RCTV




Como todoas as coisas que envolvem a questão chamada liberdade de imprensa, o caso RCTV e o governo do pseudo-ditador da Venezuela é polêmico. Não me coloco entre aqueles que pensam que a mídia é inatingível. Os países são soberanos, e para o bem ou para o mal Chávez foi, tecnicamente, eleito.

Acredito que falte consciência para a sociedade de que na Venezuela, assim como no Brasil, uma emissora de televisão ocupa um canal de transmissão que é propriedade do Estado, em última análise, da sociedade. Sendo assim, essas redes estão sim, sob controle do Estado. Não concordo com a postura autoritária do governante venezuelano e muito menos com grande parte das ações dele como presidente. Porém, tenho consciência de que nesse caso talvez o furo da bala seja mais embaixo.

Em 2002, durante o malfadado golpe na Venezuela (prontamente aceito pelo embaixador americano no país), a RCTV serviu de palanque para os militares golpistas, além de fazer parte do novo governo que assumiu e ter papel fundamental no andamento do golpe.

Partindo desse princípio da concessão, se a RCTV fosse um jornal, que não faz uso de nenhuma propriedade do governo, nenhum problema em ser golpista. Mas, me parece meio absurdo uma empresa que claramente atentou contra a democracia, posar de coitadinha numa situação como essa. Quer ser golpista, que seja. O fato é que esse tipo de postura acarreta arcar com as consequencias óbvias.

Com relação a conduta e cobertura da mídia brasileira:
Todas as empresas repudiaram o fechamento e isso é natural. Porém as informações sempre vêm incompletas. Quase nunca é lembrado, com o devido peso, o acontecimento do golpe em 2002.

Em resumo, acho que vale uma reflexão da mídia sobre o corporativismo, além de necessitarmos todos de uma reflexão. Canais de tv e estações de rádio são propriedades públicas, e essas concessões acabam e devem ser renovadas, seja para o mesma empresa ou para outra. Esse conhecimento é o que esse episódio deveria trazer de bom, mas não está trazendo e nem trará.


Quanto a situação venezuelana, é difícil fazer um julgamento com certezas, pois a polarização de opiniões sobre assunto é muito grande, e tanto as opiniões dum lado como as do outro vêm carregadas de um viés ideológico enorme.






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