quarta-feira, janeiro 04, 2006

rosas

depois do brilhante texto de abertura abaixo, vou tentar encher linguiça com um escrito antigo, acho que de 2003, enquanto descubro o que faço com esse tal de blog...
há braços

rosas

o tempo passava devagar naquele ano. ficávamos horas jogando conversa fora e bebendo nos bares mais sujos e perigosos da cidade. quando ele morreu nada mais sobrou de engraçado nas nossas noites. era um cara legal, bebia bastante e sempre sabia falar a coisa certa no momento certo. o erro foi ter conhecido aquela mulher. tudo mudou desde então: não bebia mais, não viajava, dormia bem todas as noites, trabalhava e até pensava em ter filhos.
um dia chegou em casa e pegou a vagabunda com dois caras na cama. poderia ser uma história comum. não foi. ele não era herói – e sabia disso. ela não era santa – e sabia disso. mas mesmo assim sentia por ele algo que nunca tinha sentido por ninguém: - eu sinto pena de ti, ela disse, quando ele entrou pela porta do quarto com um buquê de rosas que tinha comprado para comemorar o aniversário de casamento. eu também, respondeu, virando as costas e saindo até a cozinha. dois minutos depois, voltou. foi até a cama e apontou uma faca pro pescoço dela, olhou pros garotões e mandou eles darem o fora.os caras se mandaram.
ele, então, cruzou fundo o olhar, apertou o peito contra o dela, e fez um corte no próprio braço. o sangue começava a formar uma poça em cima da cama, quando pegou o buquê de rosas e disse, olhando para as pernas trêmulas da mulher: - agora, come cada pétala e bebe todo sangue que sair de mim. ela tentou reagir, mas o fio da faca na garganta convenceu-a a fazer o que ele mandava. comeu uma por uma das pétalas e bebeu cada gota de sangue que saía do braço dele. e então as pétalas acabaram. ela o olhou, com a boca rubra, quando de repente ele lhe deu um beijo e enfiou a faca na barriga dela, com toda força que pôde. ela olhou pra ele e sussurrou, quase sem forças: - eu tenho pena de ti. eu também – ele respondeu cortando a jugular com um fino toque da faca.
o tempo tem passado devagar ultimamente. ficamos horas bebendo e jogando conversa fora nos bares mais sujos e perigosos da cidade. hoje faz três anos que ele morreu. em toda mesa que sentamos, existe um buquê de rosas vermelhas.


meio pesado prum início...mas vá lá...

5 comentários:

Anônimo disse...

ele aé sabe como configurar um blog!
bom início, baby
amo tu

Anônimo disse...

ATÉ

Anônimo disse...

Mas ohhh pedro, hein??

Anônimo disse...

Tá bem legal, continua, não vai fazer como eu que deixei meu blog desamparado...

Anônimo disse...

e aí cabeça , te dando uma força por trás como vc pediu , abraço por trás também